UCRÂNIA TEM NOVO PRESIDENTE INTERINO
Fonte: BBC Brasil
O
Parlamento da Ucrânia nomeou Oleksander Turchynov como presidente interino. Ele
assume o comando do país após o presidente Viktor Yanukovych ter sido derrubado
no sábado (23) em votação no Parlamento que se seguiu a uma sangrenta semana de
protestos nas ruas. Turchynov disse aos deputados que eles têm até terça feira
(25) para formar um novo governo de coalizão.
O
novo presidente é aliado da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, importante
opositora do governo deposto que foi libertada ontem. Ela estava presa desde
2011, quando foi condenada – numa decisão controversa – a sete anos de prisão,
por abuso de poder.
Turchynov
já havia sido nomeado presidente do legislativo ontem, depois que o chefe
anterior renunciou. O paradeiro de Yanukovych, que descreveu ontem a decisão do
parlamento como um golpe, permanece obscuro.
Após uma
semana sangrenta, milhares de manifestantes permanecem neste domingo no centro
de Kiev, mas a atmosfera na Praça da Independência parece calma.
Fonte: Veja
As
eleições para a Presidência estão marcadas para 25 de Maio. Em declarações à
BBC, um dos líderes da oposição, Vitaly Klitschko sugeriu que será candidato.
"Eu
quero fazer da Ucrânia um país europeu moderno", disse ele. "Se eu
puder fazer isso como presidente, eu vou fazer o meu melhor".
Os
desdobramentos deste fim de semana se seguem a três meses de protestos
antigoverno. Na última semana, a violência se agravou - até o momento, o
governo calcula 88 mortos na onda de confrontos.
Fonte: Globo
A crise
coloca em xeque o futuro dos 45 milhões de habitantes da Ucrânia, que ficam no
meio de uma disputa de poder estratégica entre Rússia e o Ocidente.
A BBC
Brasil fez um guia para explicar o que está em jogo:
O que motiva os protestos?
Os
protestos começaram quando Yanukovych rejeitou, em novembro, um acordo com a
União Europeia, preferindo uma aproximação comercial com a Rússia.
Milhares
de pessoas - favoráveis à integração com a Europa - deram início a
manifestações pacíficas e à ocupação da praça da Independência.
Fonte: Terra
Desde
então, houve repressão policial aos protestos, a aprovação de leis restringindo
as manifestações e a prisão de ativistas - fazendo com que as demonstrações
antigoverno se intensificassem.
Muitas
pessoas começaram a protestar menos por causa da integração à Europa e mais por
temer que Yanukovych estivesse tentando servir aos seus próprios interesses e
aos de Moscou.
O que causou a violência de
fevereiro?
O
derramamento de sangue de 20 de fevereiro foi o mais grave até o momento.
Acredita-se que 77 pessoas tenham sido mortas e 600 feridas em 48 horas.
Fonte: Opera Mundi
Vídeos
mostram franco-atiradores disparando contra manifestantes. Os dois lados se
culpam mutuamente, mas ainda não está claro quem atirou a primeira pedra ou
disparou o primeiro tiro.
Governo e
oposição fizeram, então, um acordo, que previa anistia a manifestantes presos e
a desocupação, por parte dos opositores, de prédios estatais.
A
oposição também pedia que o Parlamento discutisse mudanças na Constituição para
reduzir os poderes presidenciais. Como isso não foi aceito, opositores
promoveram manifestações diante do Legislativo.
Quem são os manifestantes?
Os
protestos são mais fortes na região de Kiev e no oeste ucraniano (onde é maior
a afinidade com a Europa e o Ocidente) do que no leste e no sul, onde fala-se
russo graças à imigração durante o período soviético.
Fonte: Gazeta do Povo
Os
líderes de três partidos da oposição - Vitali Klitschko, do movimento Udar,
pró-UE; Arseniy Yatsenyuk, do Fatherland, maior grupo opositor; e Oleh
Tyahnybo, da extrema direita Svoboda- estão na praça da Independência, tentando
direcionar os protestos e angariar apoio.
Mas parte
da população mantém sua desconfiança quanto a eles. O partido Fatherland, em
especial, é criticado por seus anos recentes no governo e considerado como
parte do establishment político.
Alguns
grupos de extrema direita estão na dianteira dos confrontos com a polícia, mas
não está claro se eles têm apoio de grande parte dos ucranianos.
O que está em jogo?
A crise
na Ucrânia faz parte de um cenário maior. O presidente russo, Vladimir Putin,
quer fazer de seu país uma potência global, que rivalize com EUA, China e UE.
Para isso, ele está criando uniões aduaneiras com outros países e vê a Ucrânia
como parte crucial disso - inclusive pelos profundos laços históricos e
culturais entre ambos.
Fonte: Euro News
Já a UE
defende que a aproximação com a Europa e eventual entrada no bloco europeu
trariam bilhões de euros à Ucrânia, modernizando sua economia e dando-lhe
acesso ao mercado comum europeu.
No leste,
muitos ucranianos que trabalham em indústrias (fornecedoras da Rússia) temem
perder seus empregos se Kiev se aproximar da Europa. Mas, no oeste, muitos
anseiam pela prosperidade e pelo estado de direito que, acreditam, podem ser
alcançados com acordos com a UE.
O país será dividido em dois?
Muito se
fala das divisões linguísticas e culturais entre leste e oeste da Ucrânia.
Mapas
mostram que áreas onde grande parte da população fala russo votaram em massa
por Yanukovych em 2010. Para alguns analistas, isso indica que o país pode
rachar ao meio, de forma violenta, caso não se negocie uma saída para a crise.
Outros
alegam que essa divisão é improvável - e que, mesmo no leste pró-Rússia, muitos
se identificam como ucranianos.
Fonte: CBN
O que aconteceu com Yanukovych?
O
presidente havia assinado um acordo com líderes da oposição, após conversas com
chanceleres de três países europeus (França, Alemanha e Polônia).
Ele
ofereceu eleições antecipadas (em dezembro) e a formação de uma nova coalizão
de governo, dizendo-se preparado para reformar a Constituição e devolver mais
poderes ao Parlamento.
Mas na
noite deste sábado, a guarda armada ao redor dos escritórios governamentais
sumiu; o destino de Yanukovych também se tornou incerto.
Aparentemente,
ele deixou a capital, mas deu uma entrevista de TV insistindo que ainda está no
poder.
Só que
sua arquirrival Yulia Tymoshenko foi libertada e levada a Kiev, cidade que
Yanukovych parece não mais controlar. Muitos de seu partido também parecem
desertá-lo.
Fonte: Último Instante
Qual o papel da Rússia?
A Rússia
claramente tem uma forte influência sobre Yanukovych, o qual foi apoiado por
Moscou durante a Revolução Laranja de 2004 - quando sua eleição foi considerada
fraudulenta.
A Rússia
suspendeu empréstimos quando o governo ucraniano renunciou e restringiu o
comércio bilateral quando a Ucrânia flertou com o Ocidente. A UE chamou isso de
pressão econômica "inaceitável".
Fonte: Veja
Moscou acusa
a UE de tentar fazer o mesmo ao oferecer acordos de livre comércio a Kiev.
Nos
bastidores, acredita-se que esteja operando também a grande força de ricos
oligarcas ucranianos. O mais rico deles, Rinat Akhmetov, emitiu comunicado
apoiando protestos pacíficos. Outros oligarcas parecem apoiar Yanukovych.
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